O mar visto da pedra onde estou
transborda pelas manhãs
de peixes e pássaros
não eram minhas as mensagens
que recebia em garrafas na praia
mas com o tempo foram sendo
fiz verdades em garrafas de outros...
eu, que nunca tive um Deus
com quase meio século
descubro ser o meu Deus
o mar.
Temperamental e traiçoeiro...
às vezes manso como um cordeiro
dissolve-se em sal no azul do céu
enquanto gaivotas, voam penas
feito folhas.
Ateei fogo ao passado
para dormir em travesseiros de cinzas
e da ilha dos sonhos
engolido pelo pôr do sol
nunca mais voltar.
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