segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ACALANTO PARA ABSTINÊNCIAS E VAZIOS


é a falta e a lacuna quem cria
(Paul Valéry)

é para agasalhar ausências que teço este poema
fantasmas não dormem
anseios me esperam

o que urge além do lábio e da
palavra
é o mesmo que me trinca o esmalte
dos dentes
vindo da lacuna que ocorre no
rastro do voo
de cada pássaro que ousei ser
neste não sentir talhado nos ossos
feito rios secos a riscar-me a pele
álveos calcinados
onde escorrem congeladas
a doçura e a tortura
de vozes e olhares idos ou perseguidos
dentro de um pretérito que me
bate à cara
ou em um porvir que se me escancara

é para agasalhar ausências que teço este poema
de vazios e de abstinências
e me permito à lagrima
tanto quanto ao riso

(Celso Mendes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário